Intenções iniciais


FILMES QUE EU AMO
ANO I
A principiar, uma precisão inevitável. Esta é uma masterclasse profundamente pessoal, direi mais, egocêntrica. Não se trata de mostrar e falar sobre os 120 melhores filmes da História do Cinema, mas de 120 filmes (+ 1) que amo. Há alguma diferença. Posso achar que um filme é um marco na História do Cinema e não o amar. Acontece. E posso amar um filme a que muito boa gente torça o nariz, e se calhar com razão, e ele aí está porque eu o amo. Não é coisa que me preocupe muito. Todos temos defeitos, deixem-me aproveitar os meus, que são inócuos.
Estes são os 120 filmes (+1) que amo. “Os” não. Não amo “só” estes 120 filmes, mas esta masterclasse já poderá parecer mastodôntica e megalómana, ocupando dois anos de programação. Acontece que poderia ocupar três, quatro ou cinco. Tenho muito amor por muitos filmes. Pinga amor, dirão. Talvez. Prefiro isso a escrever sobre filmes e não os amar. Ele há casos.
Estes 120 (+ 1) são apenas um exemplo. Que deu um certo trabalho e demorou algum tempo a estabelecer. Resolvi ser implacável à partida: há filmes que amo desesperadamente e que, apesar de já terem passado anteriormente nestas masterclasses, voltam a aparecer.  Não os poderia cortar sem amputar a fidelidade que me propus ao meu amor. Mas tive de estabelecer um limite: um título por autor. Não há 10 de Orson Welles, nem 10 de John Ford, de Vittorio De Sica, de Fellini, de Renoir, de Truffaut, de Misoguchi, de Billy Wilder e por aí fora. Corta-se-me o coração, mas teve de ser. E sempre que não me violentei muito, cortei de um autor um filme que amo, mas já era do conhecimento de quem frequenta regularmente estas masterclasses, e substitui-o por outro do mesmo realizador, mas inédito e de que gosto igualmente muito.
Não me peçam mais sacrifícios. De resto, não aparecem algumas obras-primas indiscutíveis porque simplesmente não as amo, e surgem outras quase desconhecidas que, por uma razão ou outra, amei, amo e julgo amarei. Assim se compreende que não surja Eisenstein, e apareça Dziga Vertov ou Lev Kuleshov. Um exemplo para não me acusarem de perseguição ideológica. Depois explicarei, nas folhas de sala, por que razão, se tiver tempo e engenho.
Os textos que acompanharão estas sessões terão também algumas novidades. Haverá informação e crítica, mas existirá também algo de muito pessoal, que explica a escolha e o amor. Lá terei de explicar porque incluo “Bambi” e “A Violetera”, por exemplo. Para todos os títulos haverá justificações tão pessoais que no final bem se poderá dizer que se trata de uma autobiografia escrita através de filmes. 
Assim, além de dar a conhecer as minhas preferências cinematográficas, não como historiador de cinema, mas como mero espectador, ficam os participantes a conhecer um pouco do autor destas masterclasses. Ficam a saber que gosto do fantástico dos anos 30, 50 ou 60, de musicais, de westerns, e que sou capaz de amar tanto “India Song” ou “O Último Ano em Marienbad” como “King Kong” ou “O Homem das Mulheres”. E, se muito crítico diz que “As Portas do Paraíso” é um falhanço, eu acho-o uma obra-prima.
Como não se podem incluir 120 filmes (+1) num ano de masterclasse, esta será dividida em duas partes. Começaremos, como é obvio, pela primeira, agrupando 60 títulos. Apresentados mais ou menos por ordem alfabética (uma ordenação como qualquer outra, com algumas vantagens) e, aqui e ali alterada, para permitir um filme de Páscoa na altura devida, ou um natalício perto do 25 de Dezembro. A segunda parte virá para o ano, se tudo correr bem e, se correr mesmo muito bem, até poderá haver mais filmes que eu amo, em temporadas futuras.

Lauro António

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