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A mostrar mensagens de março, 2018

Cavalgada Heroica

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FILMES QUE EU AMO / sessão 14 1.   As Quinzenas do Bom Cinema Primeiro os lugares comuns, que por serem comuns não deixam de ser verdadeiros. A) John Ford é um dos maiores cineastas de sempre e um dos que melhor interpretou a noção de clássico. B) Foi o autor que mais e melhores westerns realizou ao longo da sua vasta carreira. Posto isto, falaremos de “Cavalgada Heroica” mais adiante e fiquemos pelo western como género. Um dos que maiores prazeres me ofereceu ao longo da vida. Hoje o western só aparece esporadicamente, mas durante muitas décadas ele foi rei e senhor das plateias. Era o filme de acção por excelência. Ricos e pobres, intelectuais e populares não perdiam o seu western, que começara ainda no mudo por ser filme de cowboys, com bons e maus vestidos de branco ou de preto para se distinguirem nas cenas de pancadaria. Depois veio o som e a complexidade das intrigas, começaram a discutir-se grandes temas, sociais, políticos, racistas, etc., e John Ford teve um pap

Quo Vadis

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FILMES QUE EU AMO / sessão 13 1.A PÁSCOA NO CINEMA Há tradições e tradições. Umas abomino-as. Outras acho-as sugestivas. Uma tradição, por si só, não vale nada. Cada tradição tem de ser avaliada pelo que transporta consigo. Vem isto a propósito de uma tradição que existia, primeiro nas salas de cinema, depois nos canais de televisão, de programarem filmes mais ou menos bíblicos na época da Páscoa e obras de cariz natalício na quadra respectiva. Uma tradição que se foi perdendo e que me causa alguma pena. Talvez por eu ter uma formação de História e por esses filmes abordarem temas que, muito embora com grande “liberdade poética”, falam de um período interessante desse ponto de vista e que nos diz muito, cristãos ou não cristãos.   Quando era jovem, não perdia as estreias ou as reposições de grandes clássicos na Páscoa. Depois, fui sempre acompanhando com interesse as novas interpretações e desenvolvimento que o tema mereceu. Desde muito cedo que a vida de Cristo inter

Breve Encontro

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FILMES QUE EU AMO / sessão 12 1.   DAVID LEAN Tenho vários realizadores de eleição. Orson Welles, desde logo, mas John Ford, David W. Griffith, Alfred Hitchcock, Billy Wilder, François Truffaut, Jean Renoir, Vitorio De Sica, Ingmar Bergman, Federico Fellini, Luis Bunuel, F. W. Murnau, Francis Ford Coppola, Jcques Tati, Nicholas Ray, Robert Breson, Frank Capra, Charlie Chaplin, Buster Keaton e tantos outros encontram-se na linha da frente das minhas preferências. Muitos são muito óbvios. Outros, nem tanto, mas David Lean está igualmente entre os cineastas que pela finura da sua sensibilidade, pelo rigor da sua realização, pela mestria na direcção de actores, pela discreta posição nos quadros dos grandes mestres da cinematografia mundial me merece uma atenção muito especial. Nasceu a 25 de Março de 1908, em Croydon, Surrey, Inglaterra, Reino Unido e faleceu a 16 de Abril de 1991, em Londres. Em 2002, a revista “Sight & Sound”, pertencente ao British Film Institute, el

Blade Runner

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FILMES QUE EU AMO / sessão 11     1.   FICÇÃO CIENTIFICA? Nas décadas de 40, 50, até meados da de 60 a ficção científica tinha muito de ficção e pouco de científica. Por essa altura andava eu por salas de cinema como o Teatro Portalegrense, o Cine Parque e o Cinema Crisfal, em Portalegre, terra onde passei oito anos da minha meninice (entre 1950 e 1958), e os cinemas das estâncias de veraneio onde passava os meses (na altura, meses!) de férias, Ericeira (onde hoje se encontra a Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva) e Praia das Maçãs (um barracão improvisado junto ao local onde chegavam e partiam os eléctricos da linha de Sintra). Foi por essas salas que vi muitos dos filmes de ficção científica que fizeram as minhas delícias. Na maioria eram ingénuos, mas ameaçadores. Este género de obras, que fica a dever muito à imaginação e inventiva dos seus criadores, já por esses anos   tinha antepassados ilustres, desde a espantosa “Viagem à Lua”, de George Méliès (1903), até ao fulgu

A Bela e o Monstro

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FILMES QUE EU AMO / sessão 10 1.           SURREALISMO E VANGUARDAS As vanguardas dos anos 20 e 30 sempre me fascinaram. Surgiram um pouco por toda a Europa, e mesmo noutros pontos do globo, da América do Norte à América do Sul, mas na Europa tiveram o condão de andar (quase) sempre a par de ditaduras, antecipando-as, por vezes saudando-as, depois engolidas pelos ditadores. Aconteceu assim com Marinetti e os futuristas na Itália de Mussolini, o mesmo se passando com os construtivistas na recém-criada URSS, com o expressionismo alemão que antecedeu a subida ao poder de Hitler (que o declarou arte degenerada, bem assim como todas as outras vanguardas), com o modernismo português, de Fernando Pessoa e Almada Negreiros ou Santa Rita pintor, que apoiaram de inicio Salazar e o Estado Novo, para depois se afastarem, com Portinari e Di Cavalcanti no Brasil de Getúlio Vergas, sendo por ele perseguidos, e poderia continuar a enumerar curiosos paralelismos. As ditaduras de direit